quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Pharos no Valor econômico


8/09/2013 às 00h00

Commodities Agrícolas




Chuvas benéficas O café arábica desabou ontem em Nova York, pressionado pela melhora do clima no Brasil. Os lotes para dezembro fecharam em queda de 430 pontos, a US$ 1,1495 por libra-peso. De acordo com Felipe Kamia, consultor da Pharos, os traders estavam preocupados com a possibilidade de a falta de umidade no Brasil prejudicar as lavouras. "Entretanto, a frente fria chegou e trouxe chuvas benéficas, que tendem a favorecer a floração da próxima safra, 2014/15. Esse cenário atraiu vendas especulativas", explicou. As chuvas devem seguir pelo menos até quinta-feira no sul de Minas Gerais e na Zona da Mata, importantes polos de produção no Brasil. No mercado doméstico, a saca de 60,5 quilos do café de boa qualidade oscilou entre R$ 285,00 e R$ 290,00, segundo o Escritório Carvalhaes.

Diferença de preços entre café arábica e robusta volta a cair



Diferença de preços entre café arábica e 


robusta volta a cair


Por Carine Ferreira | De São Paulo
O recente estreitamento da diferença entre os preços internacionais dos cafés arábica e robusta - que, aos poucos, volta aos níveis do início da década passada - reacendeu o debate sobre os impactos desse movimento sobre o futuro da demanda pelas duas espécies do produto em tempos de grande expansão do consumo do grão menos nobre, principalmente para a fabricação de café solúvel e uso nos blends de torrado e moído.
Do ano 2000 até agora, a diferença entre as cotações do arábica, mais nobre e valorizado, e as do robusta foi de US$ 0,30 e US$ 0,56 por libra-peso durante 50% do tempo. Foi a acima de US$ 0,56 por 40% do período, e abaixo de US$ 0,30 nos demais 10%, segundo levantamento da empresa de gestão de risco de commodities Pharos. "O preço tende a voltar a essa média", diz Moris Mermelstein, consultor sênior da Pharos.
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De acordo com o Valor Data, desde 2000 o menor diferencial médio mensal foi em março de 2003 (US$ 0,2664), e o mais alto em abril de 2011 (US$ 1,7343). Em determinados períodos de 1989, 1992 e 2003 a diferença ficou negativa - ou seja, o robusta esteve mais valorizado que o arábica, por questões conjunturais. O maior spread negativo diário foi em novembro de 2003, de - US$ 0,4545 por libra-peso, com base em dados compilados pela Pharos.
Segundo Mermelstein, "não nos surpreenderia se esse diferencial chegasse a zero", dada a forte demanda de café robusta e o excesso de oferta de arábica que pressiona esse diferencial, embora na comparação "preço por preço" o arábica de algumas origens é muito mais caro que o robusta diante dos prêmios altos sobre as cotações de bolsa.
Mermelstein observa que, historicamente a demanda por arábica tende a voltar, principalmente pelo produto de pior qualidade. Nos últimos dois a três anos houve uma mudança significativa no blend do café torrado e moído, com maior uso de robusta, mais barato, principalmente em função da crise. Mas, segundo ele, os exportadores não estariam ainda desfazendo negócios com o robusta a favor do arábica, o chamado "wash out", quando há um pagamento de prêmio para se desfazer um contrato.
Mermelstein afirma que o preço baixo do arábica ainda não foi suficiente para fazer uma nova substituição do robusta pelo arábica. "Com os preços atuais tende a ter substituição no médio prazo - de seis meses a um ano". Mas nada que possa arrefecer a demanda por robusta, que passa a ter um mercado ativo, o café solúvel, pontua.
Entretanto, a relação dos diferenciais dos dois cafés não pode ser levada à risca como indicativo de demanda por arábica e robusta, na avaliação de Rodrigo Costa, diretor da Caturra Coffees. Para ele, é preciso considerar que houve melhora significativa na qualidade do robusta nos últimos dez anos, novas tecnologias e a manutenção do nível de consumo mesmo com o maior uso de robusta nos blends.
De acordo com Costa, a arbitragem (diferencial) precisaria ficar abaixo de US$ 0,40 a US$ 0,35 por libra-peso por um período aproximado de três meses para que houvesse uma decisão de usar mais café arábica em detrimento do robusta. "Por enquanto, essa decisão não ocorreu", diz ele.
Costa crê que a demanda por robusta vai continuar firme. "É justamente a troca pelo preço", declara. (ver matéria ao lado). E justifica com o baixo custo de produção da espécie. No Vietnã, o custo para se produzir uma tonelada é de cerca de US$ 1,2 mil, enquanto o produto é comercializado por US$ 2 mil, conforme Costa. No Brasil, gasta-se de R$ 150 a R$ 220 para produzir uma saca, e se recebe R$ 250.
Mesmo se houvesse um retorno da maior demanda por arábica, Costa estima que não seria suficiente para reverter o superávit atual, uma das razões para a queda nos preços internacionais do produto.


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Oferta abundante faz preços do café caírem ao patamar de 2007


27/06/2013 às 00h00

Oferta abundante faz preços do café caírem ao patamar de 2007



Por Carine Ferreira | De São Paulo
Depois de superarem US$ 3 por libra-peso em 2011, os preços futuros do café na bolsa de Nova York voltaram aos níveis de US$ 1,20 nos últimos dias e ontem os papéis de segunda posição de entrega fecharam abaixo disso: US$ 1,1845. O patamar de US$ 1,20 é semelhante à média de 2007 e superior ao da crise dos anos 2000, quando o excesso de produção mundial derrubou as cotações.
Diante das últimas estimativas de colheita, consumo e estoques mundiais, o mercado parece conformado com o superávit que se apresenta. E o horizonte é negativo para as cotações internacionais e para os preços pagos ao produtor no Brasil, segundo analistas e representantes do setor - a menos que haja alguma intervenção do governo no mercado.
 
O patamar de US$ 1,20 que vinha sendo mantido na bolsa de Nova York também pode ser considerado uma média dos últimos dez anos, conforme Rodrigo Costa, diretor da Caturra Coffees, mas os custos de produção aumentaram. O custo operacional efetivo calculado pela Comissão de Café da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em Manhumirim (MG), por exemplo, saiu de R$ 345,18 em 2011 para R$ 391,43 em 2012 (para a safra que está sendo colhida este ano), alta de 13,4%.
"Não acho que vai abaixo de US$ 1,10, mas também não acho que vai passar de US$ 1,30 [a libra-peso]", afirma Costa, sobre as cotações do produto em Nova York. Na sua avaliação, existe café disponível de várias origens, situação que surgiu como efeito dos preços altos que levaram os cafeicultores a segurar o produto. Além disso, as perspectivas são de safras volumosas no Brasil e Vietnã e recuperação da produção na Colômbia, segundo Costa. E no momento em que a oferta de café é abundante, a demanda por parte de torrefadores no exterior não é "agressiva", acrescenta.
Há quem esteja mais pessimista. Gil Barabach, analista da consultoria Safras & Mercado, vê risco de o café buscar patamares abaixo de US$ 1,20 e até caminhar para US$ 1 com a entrada da safra brasileira, que está sendo colhida. Há ainda a expectativa de que o ciclo 2014 seja maior que 2013 se o clima for favorável, além da entrada de safras de outros países. "Tudo isso está montando um cenário de crise", observa ele.
No mercado físico de café, a comercialização segue atrasada com os produtores relutantes em vender o produto a preços baixos e aguardando medidas do governo para "enxugar" o mercado. Segundo cálculos de Barabach, considerando preços deflacionados, o café tipo 6 do Sul de Minas, na base maio, foi cotado a R$ 307 por saca, o menor valor após o auge da crise do início da década passada (entre a segunda metade de 2001 e setembro de 2002). "O poder de compra só é maior que no período de crise. Estamos convergindo para a realidade de 2002", diz.
O que poderia conter essa queda, na sua opinião, seria uma entrada mais "ativa" do governo brasileiro no mercado. Na semana passada, o governo anunciou a distribuição dos recursos para o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que totalizam R$ 3,16 bilhões. Nesta semana, o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, disse que o Conselho Monetário Nacional (CMN) deverá aprovar, na próxima reunião, mais R$ 390 milhões para leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) ao segmento.
Outro fator que "pesa" sobre o mercado internacional de café é a estimativa de consumo menor que a produção mundial pelo quarto ano consecutivo, observa Rodrigo Costa, com base em dados divulgados semana passada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). De acordo com o órgão, a produção mundial em 2013/14 deve alcançar 146,3 milhões de sacas ante um consumo de 141,8 milhões de sacas e estoques finais de 30,5 milhões. Os estoques são estáveis frente à safra anterior, mas 5 milhões de sacas superior a 2011/12.
A percepção da maioria dos analistas de mercado é de que existe muito café estocado no Brasil. Mesmo após o anúncio da distribuição de recursos do Funcafé, com maior volume de dinheiro para estocagem, o mercado avalia que uma hora ou outra haverá oferta de café no mercado, segundo Thiago Cazarini, da Cazarini Trading Company. "Infelizmente o mercado analisa o volume".
De acordo com estimativas da Pharos Commodity Risk Management, os estoques finais no Brasil na safra 2012/13 atingem 11,818 milhões de sacas ante 6,542 milhões em 2011/12. Para 2013/14, a projeção para os estoques finais é de 12,05 milhões de sacas.
Ainda que as informações "baixistas" prevaleçam, representantes da cafeicultura estimam que não existe um volume muito grande de café no mercado, levando em conta os compromissos de exportação, o consumo nacional e a produção projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 48,59 milhões de sacas em 2013/14.
Moris Mermelstein, da Pharos, acredita que os preços do café, em 2014, podem oscilar entre US$ 1,15 e US$ 1,40 por libra-peso, mas só devem se recuperar em 2015, como consequência do chamado ciclo do café: os preços altos dos últimos anos incentivaram investimentos e maior produtividade. Com o cenário atual, produtores deverão reduzir o uso de insumos, o que pode afetar a qualidade e o rendimento para as próximas duas safras. Por isso, a tendência, diz Mermelstein, é de que oferta e demanda se ajustem.

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